Será que existe uma dieta específica para quem é autista?
A resposta é sim! O transtorno do Espectro Austista (TEA) está dentro dos transtornos mentais e é definido por uma tríade de diagnósticos como: déficit na interação social, na comunicação verbal e não verbal, e presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento. Vale lembrar que o TEA pode ser diagnosticado antes dos 3 anos de idade, e além do autismo, pode englobar o Transtorno Desintegrativo da Infância, o Transtorno Invasivo do Desenvolvimento e o Transtorno de Asperger.
Estudos apontam que o desenvolvimento do TEA está relacionado a uma gama de fatores, os quais podem estar relacionados com a mãe, com o feto e com o próprio ambiente. Em relação a mãe, se esta por exemplo for obesa, tiver tido múltiplas infecções durante a gestação ou pré -eclâmpsia, a possibilidade de gerar um filho com TEA é alta. Já no feto, uma má nutrição assim como exposição deste a um ambiente estressante, pode também contribuir para o desenvolvimento do transtorno neste indivíduo.
Ademais, esses indivíduos podem manifestar mudanças nos seus comportamentos alimentares. É muito visto na prática clínica, pacientes que possuem dificuldade de mastigação dos alimentos e na sucção de líquidos, seleção por preparações ou alimentos pela marca, embalagem, cor ou textura, presenças de rituais durante as refeições, alergia alimentar ou intolerância ao glúten e/ou à lactose e por fim a incapacidade de manusear talheres e objetos, principalmente durante as refeições. Por isso, é interessante criar estratégias que garantam que esse paciente se nutra de forma adequada, conservando o ritmo do seu desenvolvimento e crescimento
A disbiose é muita vista nestes pacientes e é caracterizada como um desequilíbrio da flora intestinal, na qual há mais bactérias maléficas que benéficas.
Esse quadro pode alterar a permeabilidade intestinal, favorecendo a proliferação da bactéria Clostridium que por sua vez vai produzir toxinas que afetam o sistema nervoso, prejudicando assim o comportamento motor, o contato social, visual e da linguagem, bem como piorando o comportamento ritualístico e o sono da criança. Portanto, um dos pilares do tratamento dietoterápico é regularizar o intestino, mas como fazer isso?
1ª conduta: Oferecer prebióticos- Estes são carboidratos que encontramos em alguns alimentos que não conseguimos digerir, e que servirão a nível intestinal de substrato para microrganismos benéficos. Os alimentos que possuem propriedades de prebióticos são: alho, aspargo,cebola, alho poró, batata Yacon,banana, aveia, maçã e etc. Vale ressaltar que uma alimentação rica em ultraprocessados é pobre em fibra, que pode alterar a microbiota intestinal.
2ª conduta: Oferecer probióticos-Os probióticos são os microrganismos vivos presentes em alguns alimentos como: iogurte natural, kefir, leite fermentado, chucrute e pães com fermentação natural. Podendo ser feitas também formulações com alguns desses seres vivos a fim de otimizar o processo de cura dessa disbiose. Vale ressaltar que essas formulações só são feitas sob prescrição de médico ou nutricionista, precisando assim de receita para tal.
3ª conduta: Oferecer Ômega 3 - É uma gordura poliinsaturada com características anti inflamatórias, pode ajudar no estado inflamatório que alguns pacientes se encontram pelo estado de disbiose. É encontrado em maior quantidade em peixes gordos como: Salmão, Arenque, Atum e Truta.
Outro aspecto muito importante é a restrição de caseína e glúten. Este está presente em produtos feitos com farinha de trigo, centeio e cevada, que podem levar a uma inflamação na mucosa dos enterócitos (células do intestino),
enquanto aquela é a proteína presente no leite da vaca que pode dar reação alérgica quando ingerida, lembrando que indivíduos com TEA possuem uma maior hipersensibilidade a esses dois nutrientes. De acordo com a literatura científica, a exclusão durante 2 anos da caseína e glúten da dieta, melhorou significativamente o comportamento das crianças portadoras do autismo. O plano alimentar terá que ser feito de forma individualizada e respeitando uma série de aspectos que incluem cultura, gostos, aversões e etc. O primeiro passo é diminuir gradativamente da rotina do paciente os produtos feitos de farinha de trigo, como pães e bolos, substituindo-os por farinha de milho, farinha de linhaça, farinha de arroz, farinha de beterraba e etc. Outro passo é a substituição do leite de vaca por leites vegetais como leite de amêndoas, leite de arroz, leite de inhame e etc.
Em vista disso, o acompanhamento nutricional é extremamente importante para ajudar no processo de desenvolvimento e crescimento da criança, sobretudo quando este é portador do autismo. Vimos que a criança com esse transtorno tende a ser mais seletiva nas suas escolhas alimentares e hipersensível para alguns nutrientes como a caseína e o glúten, por isso, realizar alguns ajustes na dieta desses indivíduos pode ser a chave para diminuir alguns comportamentos vistos, como a fala estereotipada.
Lembrando que o diagnóstico é só feito por um médico ou psicólogo. Havendo dúvidas se o seu filho é portador ou não do transtorno, procure por esses dois profissionais.
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